Na realidade... não é fácil de explicar, mas escolhendo as palavras e o momento certo, é bem possível que no fim da explicação, a outra pessoa tenha uma ideia correta do tema.
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Na realidade... não é fácil de explicar, mas escolhendo as palavras e o momento certo, é bem possível que no fim da explicação, a outra pessoa tenha uma ideia correta do tema.
Cresci descobrindo-me
nas fantasias de Bondage que se iam desvendando no principio de internet.
Quase como uma
historia que aos poucos se ia escrevendo e mostrando na minha mente, cheguei a
adulto imaginando que a vida a dois teria uma certa loucura e devaneio kinky...
Mas descobri de forma
dura que as escolhas que fazemos ao longo da vida ditam o nosso destino.
Todos os dias ainda sonho, fantasio com mil e uma
estórias de momentos de Bondage, mas percebendo que a vida não me dará mais do
que isso... meras fantasias.
Fantasias, desejos, vontades, necessidades... somos
adultos com uma inexorável vontade de explorar mundos fora da realidade do dia
a dia.
Algo que nos faca sonhar, acreditar que por momentos
pudemos ser outra pessoa, outra personagem, tal como quando eramos criancas e
sonhavamos sem limites.
As fantasias ainda nos ajudam a criar essas ilusões e
a suportar o mundo frio e sensaborão que nos rodeia.
... difícil mesmo é encontrar a pessoa certa, no lugar certo, que partilhe connosco essa vontade de voar.
Chego aos
43... e nada.
Quando
despertei para o B.D.S.M. na minha plenitude da juventude, acreditava que
quando fosse adulto, teria um mar de oportunidades para experimentar todas
aquelas loucas fantasias.
Aquela jaula
fechada comigo la dentro todo nu; aqueles dias longos trancado numa gaiola de
castidade; experimentar a sensação de um hood fechado na minha cabeca; ou a
experiencia de uma coleira trancada no meu pescoço; ou as simples sensações de
ter as mãos amarradas ou estar numa cruz de santo André; quiça dentro de uma
pequena jaula no meio de uma sala...
Caramba!
Cresci! Hoje
tenho o meu dinheiro, a minha casa. Tenho mulher, tenho filhos, tenho uma
empresa... mas nunca tive aquilo que parecia tão simples de ter quando fosse
adulto!
A cada dia
que passa, sinto-me cada vez mais perdido na minha intimidade sexual. Onde é
que deixei de acreditar em tudo aquilo que me fazia tão feliz?
Quase como
uma droga estranha, continuo a apreciar o B.D.S.M. ao mesmo tempo que me
arrasto para um poço sem fundo, como se fosse um masoquista perfeito!
Não sei se sou diferente de outros homens, mas a
verdade é que o sexo bom me seduz muito.
Gosto, e penso nele muitas vezes ao dia.
Mas gosto dele refinado, cuidado, elegante, sensual, e ao mesmo tempo desafiante e provocador.
O corpo
feminino atrai-me muito obviamente, mas muito mais me atrai se for embelezado
com um corpete para acentuar as curvas, ou com um par de luvas para esconder
aqueles dedos marotos, ou aquele par de saltos altos que ajudam a levantar o
rabo e a melhorar a postura, e até a tornar-te mais alta... mais perto de mim.
Confesso que aos 42 anos, o sexo rotineiro já pouco me diz.
De vez em quando ainda me consegue despertar, mas começo a ficar
mais refinado, a gostar mais da envolvência do momento.
Para rotinas já me basta o dia a dia, do
trabalho, dar reuniões, das refeições, de conduzir, de me vestir sempre igual.
Se nos preparamos para uma cerimónia, com roupa
diferente, porque não vestirmo-nos também de forma especial para o sexo?
A verdade... a grande verdade é que me excita
muito mais do que o mero conceito do sexo nu e cru.
Percebi que gosto de requinte e bom gosto aliado
à sensualidade e ao erotismo, misturados com a luxuria e o prazer carnal.
Já fui romântico... muito mesmo!
Escrevi poemas e contos de amor. Ofereci espelhos desenhados à mão e escritos a tinta espessa com as minhas mais românticas palavras.
Mas fui também
descobrindo, que não me enchiam a alma.
Hoje sei aquilo que sou
e aquilo que gosto.
Sou um fetichista.
Adoro
fetiches e fantasias. Complementam-me e ajudam-me se ser mais eu, mais
sexualmente ativo e criativo.
A minha imaginação não
pára e o meu gosto vai acompanhando essa vontade, que não se realiza.
Adoro a pessoa que amo,
que vivo, que desejo, mas a verdade é que sinto, que cada dia que passa, para
ser o verdadeiro EU, vou escondendo e colocando para trás das costas, quem
sabe para outro dia qualquer que nunca vai chegar, tudo aquilo que me dá prazer
ver, ouvir e até sentir.
A luxúria sexual
agrada-me. Adoro o brilho das roupas, o sexo feito com algo mais, o prazer de
não controlar o orgasmo, de ser teu ou seres minha sem escape possível, de
vestir-me diferente para o sexo, de ver-te andar de botas... de criar e
participar em aventuras desinibidas e sem preconceitos... ou então desafiá-los.
Quero experimentar tudo
aquilo que me possa provocar arrepios na espinha e sentir que a vida é mais do
que o dia-a-dia banal.